Resumo
A questão colonial constitui um fenômeno sócio-histórico que emerge na gênese do capitalismo na fase de acumulação original, aprofundando-se em um continuum histórico inerente à reprodução ampliada do capital em sociedades não capitalistas, como analisado por Karl Marx e Rosa Luxemburgo, respectivamente. Considerando que a fundação da América Latina e do Caribe ocorreu no contexto do surgimento e desenvolvimento do capitalismo, o artigo procura debater: a) a questão colonial como eixo estruturante das relações de dominação, exploração e opressão historicamente instituídas na região; b) a compreensão e conceituação da questão colonial na periferia global, a partir da perspectiva dos povos oprimidos, especialmente os movimentos indígenas e camponeses, e na produção teórica dos marxismos latino-americanos. O método empregado é a história social, com ênfase nos processos e documentos políticos produzidos pelos movimentos indígenas e camponeses, assim como uma análise profunda da questão colonial e suas expressões, nas categorias de colonialismo interno e colonialismo global, a partir da perspectiva do marxismo latino-americano. A principal conclusão do artigo é a evidência da persistência do colonialismo na história contemporânea da América Latina e do Caribe, especialmente no atual estágio do capitalismo por espoliação e, portanto, a validade da questão colonial como categoria interpretativa das contradições inerentes à natureza da exploração e da marginalização no Sul Global, que devem ser aprofundadas na análise do marxismo latino-americano.
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