Resumo
O presente artigo reflete sobre as bases históricas que fundaram uma hegemonia no campo epistemológico da produção de saberes válidos e, concomitantemente, suprimiram um vasto universo de saberes tradicionais, evidenciando a colonização como um evento histórico que, para além das expropriações físicas, também promoveu uma expropriação no campo epistemológico do saber. Assim, percebe-se a fragilidade do dito paradigma científico moderno para compreender as complexidades do mundo, fomentando discussões referentes a um novo paradigma científico insurgente, atrelado às Epistemologias do Sul e ao pensamento zapatista, como caminhos a serem trilhados na busca de um paradigma emergente, que compreenda de forma mais profunda as relações entre os homens, entre os homens e a natureza e com à própria temporalidade na qual está inserido. Finalmente, conclui-se que esta emergência de novas percepções científicas para o conhecimento suscita novas contribuições para as construções e desconstruções das fronteiras da ciência e do cientista, além de questões sobre o seu papel prático no mundo.
Referências
Albuquerque Júnior, D. M. (2007). História: a arte de inventar o passado. Ensaios de teoria da história. Edusc.
Almeida, M. C. (2010). Complexidade, saberes científicos, saberes da tradição. Livraria da Física.
Barros, J. D. (2015). O projeto de pesquisa em história: da escolha do tema ao quadro teórico. Vozes.
Bengoa, J. (2000) La emergencia indígena en América Latina. Fondo de Cultura Económica.
Braudel, F. (1992). A longa duração. In: Escritos sobre a História. Perspectiva.
Comité Clandestino Revolucionario Indígena – Comandancia General del Ejército Zapatista de Liberación Nacional (1996). Cuarta Declaración de La Selva Lacandona. https://enlacezapatista.ezln.org.mx/1996/01/01/cuarta-declaracion-de-la-selva-lacandona/
Comité Clandestino Revolucionario Indígena – Comandancia General del Ejército Zapatista de Liberación Nacional (1994). Primera Declaración de La Sela Lacandona. http://enlacezapatista.ezln.org.mx/1994/01/01/primera-declaracion-de-la-selva-lacandona/
Gohn, M. G. (1995). Movimentos e lutas sociais na história do Brasil. Loyola.
Gutiérrez Chong, N. Sobre la cultura y los estudios culturales (2019). In, Giménez, G.; Gutiérrez Chong, N. Las culturas hoy (pp. 93-110) . Universidad Nacional Autónoma de México.
Leyva, X. et al. (2015). Prácticas otras de conocimiento(s): Entre crisis, entre guerras (Tomo I). Cooperaiva Editorial Retos.
Lisboa, A. M. (2014). De América a Abya-Yala–semiótica da descolonização. Revista de educação pública, volume (23), pp. 501-531.
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/1751/1320
Maldonado-Torres, N. (2008). La descolonización y el giro des-colonial. Tabula rasa, volume (9), pp. 61-72. http://www.scielo.org.co/pdf/tara/n9/n9a05.pdf
Mignolo, W. (2008). Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Caderno de Letras da UFF, volume (34), pp. 287-324.
http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In, E. Lander (Org.). A Colonialidade do Saber–Eurocentrismo e Ciências Sociais–Perspectivas Latino-americanas, (pp. 107-130). CLACSO.
Rousso, H. (2009). Sobre a História do Tempo Presente: Entrevista com o historiador Henry Rousso. Tempo e Argumento, volume (1), pp. 201-216.
https://www.revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/705/pdf_12
Shiva, V. (2003). Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. Gaia.
Santos, B. S. (2009). Prólogo. In, Leyva, X. et al. Prácticas otras de conocimiento(s): Entre crisis, entre guerras (Tomo I), (pp. 12-21). Cooperaiva Editorial Retos.
Santos, B. S. (2010). Um discurso sobre as ciências. Cortez.
Santos, B. S; Meneses, M. P. (2009). Epistemologias do sul. Almedina.
Subcomandante Insurgente Marcos (1994). La historia de las preguntas. https://enlacezapatista.ezln.org.mx/1994/12/13/la-historia-de-las-preguntas/
Subcomandante Insurgente Marcos (2008). In, Nem o centro e nem a periferia: sobre cores, calendários e geografias. Felício, E; Hilsenbeck, A (Org.). Deriva.
Subcomandante Insurgente Marcos (2007). Ni el Centro ni la Periferia. https://enlacezapatista.ezln.org.mx/2007/12/13/conferencia-del-dia-13-de-diciembre-a-las-900-am/
Subcomandante Insurgente Marcos (2009). Tercer Viento: un digno y rabioso color de la tierra.
Viveiros de Castro, E. (2015). Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. Cosac Naif
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc-nd/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licensiado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2020 Rodrigo Guerra