Resumo
Os métodos convencionais de pesquisa tendem a reproduzir discursos colonialistas e racistas quando usados em comunidades indígenas, cometendo assim injustiças na representação das comunidades e de seus conhecimentos. Este trabalho teve como objetivo construir um protocolo de pesquisa indígena juntamente com portadores de conhecimento ancestral das comunidades Maya Achi da Guatemala. Reuniões com portadores de conhecimentos ancestrais foram planejadas para co-construir o protocolo. As comunidades Maya Achi herdaram métodos de pesquisa que se baseiam nos princípios científicos, filosóficos e tecnológicos do povo. O protocolo elaborado baseia-se no entendimento de que todo conhecimento é encontrado na Mãe Natureza e no Cosmos, e que os maiores guardiões do conhecimento são as avós e os avôs que caminharam pela Terra antes de nós. Várias tecnologias que nos permitem nos comunicar com eles, como cerimônias, oferendas e sonhos, são usadas para abordar o conhecimento. Além disso, reconhece-se que o acesso a esse conhecimento não está aberto a todos, e é preciso pedir permissão para compartilhá-lo. Portanto, esse protocolo de pesquisa deve ser cumprido ao desenvolver processos de produção de conhecimento nas comunidades indígenas Maya Achi para garantir a justiça hermenêutica, epistêmica e cosmogônica das comunidades e de suas experiências.
Referências
Adecomaya ACHI. (2009). Educando y Curando con Medicina Maya. Adecomaya ACHI.
Alves, H., Soares, M. R. P., Costa, R. R. D. S., Cruz, S. S. d., Schottz, V., Marro, K. I., & Piccolo, R. M. D. (2022). Territórios rurais contra a Covid-19: saberes, fazeres e reflexões por meio da Educação Popular em Saúde. Interface, 26. https://doi.org/10.1590/interface.210724
Apinaje, S. B. P. C., Apinaje, J. K. R., Horta, A., Rocha, W. d. O., & Morais Neto, O. R. d. (2022). Metodologias de vida, pesquisa e luta: a experiência panh?. Saúde e Sociedade, 31(4). https://doi.org/10.1590/s0104-12902022220490pt
Arias L, B. E. (2016). Saberes locales campesinos sobre el alimento: aportes a la soberanía y la salud mental comunitaria. Rev. Univ. Ind. Santander, Salud, 48(2), 232-239. https://doi.org/10.18273/revsal.v48n2-2016008
Asociación Médicos Descalzos, Chávez Alvarado, C., Pol Morales, F., Morales Pantó, E., & Barone, P. (2015). ¿Yab’il xane k’oqil? Cholsamaj.
Berger-González, M., Stauffacher, M., Zinsstag, J., Edwards, P., & krütli, P. (2016). Transdisciplinary Research on Cancer-Healing Systems Between Biomedicine and the Maya of Guatemala: A Tool for Reciprocal Reflexivity in a Multi-Epistemological Setting. Qualitative Health Research, 26(1), 77-91. https://doi.org/10.1177/1049732315617478
Cabnal, L. (2010). Feminismos diversos: el feminismo comunitario. ACSUR Las Segovias.
Calegare, M. G. A., Higuchi, M. I. G., & Forsberg, S. S. (2013). Desafios metodológicos ao estudo de comunidades ribeirinhas amazônicas. Psicol. soc., 25(3), 571-580. https://doi.org/10.1590/S0102-71822013000300011
Capra, F. (1996). La trama de la vida. Una nueva perspectiva de los sistemas vivos. Editorial Anagrama.
Castillo-Santana, P. T., Vallejo-Rodríguez, E. D., Cotes-Cantillo, K. P., & Castañeda-Orjuela, C. A. (2017). Salud materna indígena en mujeres Nasa y Misak del Cauca, Colombia: tensiones, subordinación y diálogo intercultural entre dos sistemas médicos. Saúde e Sociedade, 26(1), 61-74. https://doi.org/10.1590/s0104-12902017168743
Chassot, C. S., & Silva, R. A. N. d. (2018). A pesquisa-intervenção participativa como estratégia metodológica: relato de uma pesquisa em associação. Psicol. soc., 30. https://doi.org/10.1590/1807-0310/2018v30181737
Chen, G. (2018). La Identidad del Pueblo Maya Achi, antes, durante y después del conflicto armado interno. Revista Ciencia Multidisciplinaria CUNORI, 2(1), 91-92. https://doi.org/10.36314/cunori.v2i1.60
Chilisa, B. (2020). Indigenous Research Methodologies. Sage.
Colop, S. (2019). Popol Wuj. F&G Editores.
Comisión del Esclarecimiento Histórico, C. (1999). Guatemala Memoria del Silencio.
Consejo Mayor de Ancianos Mayas Médicos por Nacimiento. (2016). Raxnaq’il Nuk’aslemaal. Medicina Maya’ en Guatemala. Asociación Ati’t Ala’.
Cordeiro, L. (2016). Pesquisa-ação na área da saúde: uma proposta marxista a partir de revisão de escopo [Tesis de doctorado, Universidade de Sao Paulo].
Cruz, K. R. d., & Coelho, E. M. B. (2012). A saúde indigenista e os desafios da particip(ação) indígena. Saúde e Sociedade, 21, 185-198.
Fandiño Osorio, V. C., Velásquez Jiménez, C. M., Sarmiento Medina, M. I., Vargas Cruz, S. L., & Puerto, M. B. (2024). Concepções da saúde sexual e reprodutiva entre mulheres curipacas em situação de mobilidade humana. Saúde e Sociedade, 33(2). https://doi.org/10.1590/s0104-12902024230266pt
Ferreira, L. O. (2012). O desenvolvimento participativo da área de medicina tradicional indígena, Projeto Vigisus II/Funasa. Saúde e Sociedade, 21, 265-277.
Fricker, M. (2017a). Evolving Concepts of Epistemic Injustice. In I. J. Kidd, J. Medina, (eds.). Routledge Handbook of Epistemic Injustice (pp. 53-60). Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315212043-5
Fricker, M. (2017b). Injusticia epistémica. Liberdúplex.
Gusman, C. R., Rodrigues, D. A., & Villela, W. V. (2016). Trâmites éticos, ética e burocracia em uma experiência de pesquisa com população indígena. Saúde e Sociedade, 25(4), 930-942. https://doi.org/10.1590/s0104-12902016161862
Instituto Nacional de Estadística. (2018). Censo de Población y Vivienda 2018.
Juarez Baten, M. A. (2009). Acompañamiento psicosocial al programa de atención de VIH/Sida dirigido a promotores, promotoras y Comadronas. Universidad San Carlos de Guatemala.
Juárez-Moreno, M., López-Pérez, O., Raesfeld, L. J., & Durán-González, R. E. (2021). Sexualidad, género y percepción del riesgo a la infección por VIH en mujeres indígenas de México. Saúde e Sociedade, 30(2). https://doi.org/10.1590/s0104-12902021200399
Ketterer Romero, L. M., Muñoz, C. M., Henríquez, M. C., Higueras, A. S., Ancalaf, A. T., Nitrihual, L., & Valle, C. d. (2017). Modelo participativo para el abordaje de la violencia contra las mujeres en La Araucanía, Chile. Rev. panam. salud pública, 41. https://doi.org/10.1590/S1020-49892017000100404
Krenak, A. (2020). Reflexão sobre a saúde indígena e os desafios atuais em diálogo com a tese “Tem que ser do nosso jeito”: participação e protagonismo do movimento indígena na construção da política de saúde no Brasil. Saúde e Sociedade, 29(3). https://doi.org/10.1590/s0104-12902020200711
K’ulb’il Yol Twitz Paxil. (2012). Retaliil Ano’nib’al Mayab’ Achi. ALMG.
K’ulb’il Yol Twitz Paxil. (2016). Uchola’j Ch’a’teem. ALMG.
Lopez, Y. A. A., Figuerêdo, L. A., Virgens, J. H. A., Pereira, L. d. S., Moreira, S. R., Cunha, R., Moreira, A. P., Salles, I. B., & Silva, T. D. J. L. (2023). Os desafios da interdisciplinariedade e da participação comunitária na construção de “comunidades saudáveis”: reflexões a partir da educação popular e decolonialidade. Anais do 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, Recife, Pernambuco.
Malfitano, A. P. S. (2011). Experiências de pesquisa: entre escolhas metodológicas e percursos individuais. Saúde Soc, 20(2), 314-324. https://doi.org/10.1590/S0104-12902011000200005
Malfrán, Y. I. M., & Baquero, O. S. (2023). Problematizando as alteridades para uma compreensão feminista e decolonial da Saúde Única em Periferias. Saúde e Sociedade, 32(2). https://doi.org/10.1590/s0104-12902023220301pt
Manríquez-Hizaut, M., Rebolledo-Sanhueza, J., Inglés-Yañez, D., Klett-Fuentes, R., Lagos-Fernández, C., & Figueroa-Huencho, V. (2022). Experiencias de salud mapuche en Atención Primaria de Salud desde trabajadores sanitarios y usuarios/as en zona urbana de Chile. Saúde e Sociedade, 31(4). https://doi.org/10.1590/s0104-12902022210022es
Mendes, L. J. d. A., & Varga, I. v. D. (2024). Saúde mental indígena em território de conflitos: o caso da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro no sul da Bahia. Saúde e Sociedade, 33(2). https://doi.org/10.1590/s0104-12902024230260pt
Moloj Wach No’jwal Aj Q’ij Rex We. (2005). Diagnóstico de la Medicina Maya Pqomchi en San Cristóbal Verapaz. ASINDI Rex We FODIGUA.
Mosquera Saravia, M. T. (2022). Cosmovisión mesoamericana: el encuentro entre ladinos, xinkas y mayas. Revista Ciencia Multidisciplinaria CUNORI, 6(1), 71-89. https://doi.org/10.36314/cunori.v6i1.187
Mota, C. S., & Trad, L. A. B. (2011). A gente vive pra cuidar da população: estratégias de cuidado e sentidos para a saúde, doença e cura em terreiros de candomblé. Saúde e Sociedade, 20(2), 325-337. https://doi.org/10.1590/s0104-12902011000200006
Olivar, J. M. N., Costa, E., Morais, D. M., Fontes, F. B., & Marques, B. (2022). Tecer outro Cesto de Conhecimentos? Pesquisa colaborativa e remota na pandemia de covid-19. Saúde e Sociedade, 31(4). https://doi.org/10.1590/s0104-12902022220452pt
Palacios Salazar, L. A. (2023). La salud propia: fundamento para el Buen Vivir en los pueblos indígenas del Cauca – Colombia. Pacha. Revista de Estudios Contemporáneos del Sur Global, 4(11). https://doi.org/10.46652/pacha.v4i11.177
Pino-Morán, J. A., Rodríguez-Garrido, P., & Lapierre, M. (2023). Salvajes, indígenas, cojas, inválidas: Epistemologías anticapacitistas del Sur Salvajes indígenas cojas inválidas. Saúde e Sociedade, 32(2). https://doi.org/10.1590/s0104-12902023211010es
Pueblo Maya Achi. (1994). Rabinal Achi. SOPHOS.
Radi, B. (2022). Injusticia hermenéutica: un ejercicio de precisión conceptual. Estudios de Filosofía, (66), 97–110. https://doi.org/10.17533/udea.ef.347837
Ramírez Acosta, A. (2010). Influencia del calendario Tzolkin en las actividades agrícolas y religiosas de la población Maya-Chorti en la zona occidental de Honduras. Revista Ciencias Espaciales, 2(1), 103-124.
Reis, A. E. S., Schweickardt, J. C., Guedes, T. R. O. d. N., Santos, I. C. P. A. M. d., & Murta, S. G. (2024). Navegando pelo “rio da vida”: a produção do cuidado em situações de urgência e emergência em um território da Amazônia. Interface, 28. https://doi.org/10.1590/interface.230649
Ribas, D. L. B., Concone, M. H. V. B., & Pícoli, R. P. (2016). Doenças e práticas terapêuticas entre os Teréna de Mato Grosso do Sul. Saúde e Sociedade, 25(1), 160-170. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016145547
Saravia, M. T. M. (2021). El ideograma cósmico maya. Revista análisis de la realidad nacional, 10(201), 43-60.
Schweickardt, J. C., Medeiros, J. S., & Martins, F. M. (2022). Mapas Falantes como Recurso Metodológico: a Pesquisa em Saúde num Território Amazônico. Saúde Redes, 8(2), 257-274. https://doi.org/10.18310/2446-4813.2022v8n2p257-274
Similox Salazar, V., & Otzoy, J. A. (2022). Ciencia, filosofía y tecnología de los Pueblos Mayas: Un paradigma de educación, que propicia la plenitud humana, la armonía con la naturaleza y el cosmos. Revista Educación Superior y Sociedad (ESS), 34(2), 259-302. https://doi.org/10.54674/ess.v34i2.724
Tecu, E. (2024). Reframing sexual violence against Indigenous women as genocide: Mayan women’s experiences of sexual offenses during Guatemala’s Armed Conflict. Culture and Organization, 31(2), 123–142. https://doi.org/10.1080/14759551.2024.2388130
Tzul Tzul, G. (2018). Gobierno Comunal Indígena y Estado Guatemalteco. Instituto Amaq’.

Este trabalho está licensiado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Ernestina Tecu, Clarice Santos Mota, Yeimi Alexandra Alzate López
